segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

São Luís - Castanhal: Fim do percurso






Ainda em tempos ludovicenses (qualidade de quem é de São Luís), cultivamos outras histórias que (a)o sul não parece tanto importar...além do reggae, o tambor de crioula - batuque dos primórdios -, o tambor de minas - religião propriamente desenvolvida pelos negros e negras dessa cidade -, a invasão francesa e a expulsão por Jerônimo de Albuquerque, que hoje é nome de umas das principais ruas de S. Luís. E outros contos que constituíram a bela cidade nordestino-amazônica...

20 DE JANEIRO
"Venha provar meu crunch, saiba que eu tenho o approach, na hora do rush, eu ando de ferry boat"
Despedidos da cidade, rumamos ao porto para tomar o ferry boat, resultado da combinação sambística interpretada por Zeca Baleiro, um dos artistas maranhenses mais expressivos no Brasil, mas que, como muitos, migrou para o eixo comercial Rio-Sampa...
Invadimos a Amazônia como ela nos quer: deslizando por 3 horas pelos rios que nos deixam em Cojupi, de onde partimos pedalando...
No porto de Cojupi: 30 carangueijos amarrados em um cesto...levamos na bicicleta...
De cara, a Comunidade Quilombola Maurício, percebida tanto pela placa que ali a nomeava quanto pela aparência e aparição de muitos negros em suas casas de palha (a população negra não é tão comum nos trechos nordestinos pelos quais passamos, exceto S. Luís)...
Em seguida, as subidas e descidas: Maranhão nos fez suar mais nesse sentido...
fim de tarde: chegada em Pinheiro, cidade da família Sarney, hegemônica no estado...aliás, tão dominante que coloca nomes do familiares, ainda vivos, nas obras públicas (desde S. Luís, víamos essa arrogância), sem a mínima consulta pública...chegando, avistamos a chuva na cidade e muitos búfalos nos pastos, margeando a estrada...
Lá, ficamos na casa de Dona Silvia, tia de Nelma, aquela colega de S. Luís...senhora gente finíssima, pegou nos carangueijos e os fez na panelona...um deles ainda havia fugido da pia da cozinha, mas à noite capturado no quintal...então, Daniel e Cadu conheceram a delícia e o trabalho que há em comer os carangas... Rodrigo e Roberta já conheciam a história...
Lavadas as roupas, não secaram a tempo...o que fazer? Ora, um "ciclovaral"!!! Daniel pendurou seus trapos num varal improvisado sob apoio de Dona Silvia...
Pinheiro é a maior cidade da região, pólo que depende de outros pólos, como Fortaleza e S. Luís... a maior parte dos trabalhos se dá no comércio e no serviço público...

21 DE JANEIRO
Rumo a Maracaçumé...trajetória um pouco conturbada,mas sem problemas...chegamos no final da tarde...Elias, filho de Seu Chicó (pai de Nelma) veio nos receber de bicicleta também, num posto na entrada da cidade...desde então, notamos a simplicidade da família que nos acolheu...recém-mudados para a casa, a família de Chicó se mobilizou toda para nos ajudar a instalar as bicicletas dentro da casa que ainda contava com banheiro a céu aberto (na chuva,Roberta tomou banho e tentava se secar, mas não adiantava) entre outros improvisos...Evangélico, Chicó fez a prece de recepção e de despedida, dia seguinte, que nos comoveu e nos fortaleceu, simplesmente por vermos neles o desejo em nos querer muito bem na viagem...dormimos ao som de um pastor que, na igreja vizinha à casa, orava com voz estremamente alta...a vizinhança inteira ouvia...
Maracaçumé é cidade com características bastante rurais...desenvolvida nas margens da Br que conduzia ao Pará, logo adiante...rural e pobre...muitos trabalham na cultura do Açaí, que no Pará se torna ainda mais forte... dois filhos de Chicó buscam a fruta na plantação e carregam cerca de 100 quilos no bagageiro da bicicleta (nossa bagagem não dá nem pro cheiro, se comparada com a deles)...a bicicleta, aí, entra como transporte de carga diário... as perspectivas no Açaí ainda parecem grandes, como a cultura atual de cultivo, geração de renda e emprego...muitos acreditam no poder econômico dessa fruta, que serve no almoço (com carne, farinha etc), no lanche da tarde (com açúcar e tapioca), na janta... Açaí!

22 DE JANEIRO
De Maracaçumé a Cachoeira do Piriá
5h45 da manha, pé na estrada. Despedida de mais uma família que nos acolheu. A meta: Santa Luzia do Pará, 135km adiante.
No inicio tudo parecia correr bem, foi quando o primeiro pneu furou, tiramos meia hora para os reparos. O pneu com pouca pressão deixava a bicicleta ainda mais pesada e o ritmo do grupo diminuiu.
Apesar disso, a parada já tradicional para chupar manga do pé na beira da estrada não foi abortada.
O pneu continuou esvaziando, o tempo até o destino final já estava ficando escasso. Trinta quilometros depois avistamos um posto. Pneus calibrados, estomago cheio a um quilometro da divisa entre Maranhão e Pará. Pneu vazio de novo. A ciesta dos maranhenses havia acabado de começar e a bicicletaria estava fechada.
Fazer o que?
Fomos até o Gurupi tomar um banho de rio onde encontramos um grupo de jovens voltando de um encontro de Centros Acadêmicos. Mas afinal: Quem é o Cabelo???
Bicicleta arrumada era hora de partir. Já eram três da tarde...a dúvida é se teríamos que mudar os planos.
Alguns quilômetros depois o problema foi resolvido. Mais um pneu furado, ou melhor, neste caso, estourado. Destino final: Cachoeira do Piriá.
Primeira tentativa para conseguir abrigo foi a prefeitura. Já era tarde, o prefeito não estava, nós e algumas crianças que curiosas nos receberam na cidade fomos até a casa dele, do filho dele, do Secretario de Cultura (sim, na ausência do prefeito, recomendaram falar com o filho, e não com o vice...)...até que achamos alguém e conseguimos abrigo em uma escola com direito a uma canjinha do ensaio de uma dança típica de um grupo da cidade para o carnaval.
Dia cansativo...
Janta, cama e muitas muriçocas....

23 DE JANEIRO
De Cachoeira do Piriá a Capanema
A mudança de planos não poderia ter sido melhor. Os primeiros 50 quilômetros tinham muitas subidas e descidas. Uma queda atrapalhada na frente da única pessoa parada na estrada nos rendeu o dia. Dona Irene se desesperou: Minha filha! Você caiu e ficou aí pererecando! Eu te salvei! Quando vocês passarem por Santa Luzia do Pará, passem na minha casa.
Não precisou, Dona Irene nos aguardava na estrada. Já tinha até tirado os bifes pro almoço e nós sem saber e ansiosos pelo açaí, compramos a fruta batida. Sem problemas fomos até a casa dela e comemos tudo: açaí com farinha d´água e charque e açaí com banana e granola. A alegria e a simpatia de Irene eram cada vez maiores. Duas horas depois a preguiça e a vontade de ficar mais um pouquinho por ali conversando eram enormes, mas ainda estávamos na metade do caminho e teríamos que ir até Capanema.
No caminho conhecemos um ciclista que parou para conversar. Laércio, nos avisou sobre uma trilha que um grupo faria no domingo em Belém e sobre uma bicicletada no dia 30. Na primeira não conseguiremos chegar a tempo, mas na bicicletada a presença está confirmada.

Na chegada a Capanema, dormimos em um dormitório no Posto Garoupa, na beira da BR316.
Mais uma decisão a ser tomada, faltavam 150 quilômetros pra chegar em Belém, dias de folga, vamos pra praia? Ilha do Marajó, Algodoal ou Salinópolis? Pesamos os prós e os contras e dia seguinte tentaríamos ir pra Salinópolis para a travessia de barco para Algodoal para conhecer os dois...será?

24 DE JANEIRO
De Capanema a Salinópolis
A saída da cidade foi um tanto confusa: uma dupla para um lado, roupas caindo da bicicleta e outra dupla para outro lado.
Demorou mas nos achamos. Alongamos e seguimos.
Chegamos em Salinópolis - na verdade Salinas, nome que todos chamam a cidade que teve uma primeira usina de produção de sal na região norte brasileira - por volta das 15 horas, sobre uma chuva intensa, depois de termos enfrentado várias subidas e decidas.
Resolvemos parar em um posto de combiustível para nos informamos a respeito de um local barato para matarmos a fome que nos matava. Assim, fomos em um restaurante que nos indicaram e, de cara, percebemos que era coisa fina. Nos demos mal....a conta saiu cara pra caramba....o rango mais caro da viagem e também o pior atedimento que tivemos.
Ainda molhados, Rodroigo e CadU dirigiram-se até o Porto Grande, local onde se concentam os pescadores e se dá todo o comércio de peixe, para tentar um barco que nos levasse até Algodoal; Daniel e Roberta foram até a rodoviária encontrar Fernanda (Amiga de trabalho que iria ao FSM), que estaria na cidade por volta das 17 horas
Lá chegando, inciaram um papo com os pescadores que ali estavam, e conheceram Penha, que disse que nos levaria até Algodoal e ainda ofereceria um local para passarmos a noite juntamente com uma caldeirada de peixe. Aceitamos de pronto.
Ao anoitecer chegaram os três, tomamos umas cervejinhas no bar dos pescadores e rumamos para onde posariamos à noite.

25 DE JANEIRO
Cedo, bem cedo, no horário de sempre, rumamos todos em direção a praia de Algodoal para curtir um domingão de sol e chuva. Um dia de praia, afinal.

26 DE JANEIRO
Às 06:00 horas dessa segunda-feira, fizemos a travessia náutica em direção a Marudá. Fernanda ficou em Algodoal para corar mais um pouquinho.
De Marudá, fizemos 90 Km até Castanhal, cidade de onde agora escrevemos.
A estrada é muito boa, sem grandes subidas, quase todo o trajeto no plano, porém sem acostamento, dificultando e muito a vida do ciclista que tem de dobrar a atenção. Assim que chegamos nos dirigimos até a prefeitura para tratar de conseguir um abrigo. Eram aproximadamente 14:30 o horário que chegamos em Castanhal e, para nossa surpresa, o expediente já havia se encerrrado. Todos os orgãos públicos funcionam até ás 13 horas por aqui. Para quem se interessar, a cidade está com concurso aberto para vários cargos.
Falaram-nos para irmos na igreja conversar com o padre para nos abrigar durante essa noite. Lá tivemos a informação de que estava viajando e que so retornaria na próxima semana, e que ninguém, fora ele, poderia nos ajudar.
Tivemos então a informação sobre a Secretaria Municipal de Assistência Social - SEMAS, que possivelmente nos ajudaria. Para lá fomos. O expediente, claro, já havia se encerrado, mas por obra do destino encontramos Solange, uma funcionária que participa do comitê de apoio ao FSM criado em Castanhal. Ela muito getilmente contactou Amiraldo, Assistente Social, que prontamente se disponibiliozou a nos hospedar na noite de hoje. Chegamos em seu condominio e logo já fomos fazendo amizades com seus vizinhos, que ficaram encantados e ajudaram a preparam um jantar delicioso.
Daqui, restam 70 km para chegarmos em Belém, que começaremos a percorrer amanhã cedinho, como sempre foi até aqui.
Castanhal é, mais ou menos, a quinta mais populosa cidade do Pará. Formou-se a partir da migração de gado, com seus donos, de S. Luís a Belém...a vila foi crescendo com os descansos infindáveis dos donos do gado...Hoje, ainda com árvores de castanhas, a cidade conta com 77 anos anos...
Pedimos desculpas a todos pela demora na postagem mas tem sido muito difícil encontrar uma maneira de escrever. E agora que encontramos estamos cansados.
As fotografias estamos devendo: problemas tecnológicos entre as máquinas e as lan houses que encontramos... logo, seguirão...e nós, amanhã, para outra jornada...
Em Belém!!!

Cadu, Roberta, Daniel e Rodrigo.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Alguns mais dias: de Parnaíba a São Luís do Maranhão




14 de JANEIRO (quarta):



Saímos de Parnaíba no mesmo horário diurno, da barraca do Seu Nonato. Mais um pneu trocado...mais um sono acumulado, mais uma vontade adiante...



No caminho, a passagem pelo rio Parnaíba, fronteiriço com o Maranhão...a ponte, singela, tampava sutilmente um rio largo e com pequena população ribeirinha...Ali, portanto, a divisa entre os dois estados...do lado de lá, uma nova população se iniciava, com aparência mais pobre nas suas casas e terrenos, estradas esburacadas, sem acostamento e com previsões de sobe-desce, que se confirmaram até a chegada em Tutóia, paradeiro noturno seguinte...



Então, entre uma água e outra, conversamos pouco com as pessoas de beira de estrada, pois havia pouca "beira", tampouco "eira"...afinal, era um trecho de cimento rasgando a mata que trazia novas árvores, mais latifoliadas, fartas, fechadas e úmidas...impressionante o trecho que tivemos de percorrer sem possibilidade de parada. Finalizamos a manhã com 70km de pedalada, pois, não havia onde parar...problema para os que ali sempre transitam, sem acostamento, recuo ou posto de parada...paramos, então, em Canabrava, povoado longinquo dos centros mais populosos...famintos e sedentos, pedimos, em plenas 10h40min, um PF: "manda arroz e feijão pros meninos!" Tivemos de esperar até as 11h30, quando atacamos o rango, dispensamos as bicicletas ao redor do coreto e nos esparramamos, junto ao calor e às moscas, no chão desse círculo...acordando às 15h, partimos...chegamos em Tutoia às 17h. Contatada - como dos poucos conhecidos que teríamos na viagem, Nazaré - militante local e regional nos DH - recebeu-nos e nos conduziu até sua casa, dividida com sua filha graciosa Morgana e sua mãe Domingas, contadora de causos de boa simpatia...ali, criam galinhas e galos e dizem com orgulho que se alimentam dessa carne somente extraída de sua granja: "Não compramos frango de fora, não, só comemos daqui"...



(Rio Parnaíba - divisa PI - MA)







15 de JANEIRO



roupa esfregada e em seca, acordamos cedo pra conhecer a cidade e perguntar sobre horário de partida para Barreirinhas, pelas chamadas "Toyotas", espécie de pau-de-arara mais moderno, com banco, na maior parte das vezes, acolchoados....o único horário: 9h. então, todos frustrados - especialmente Nazaré e Morgana, criança curiosa pela troca que juntos, estabelecíamos naquele dia -, tivemos de ir e não percorremos nada mais que 3 quadras do centro...às pressas, entramos na toyota e seguimos viagem, sem saber que o melhor acesso para os lençóis maranhenses e para o Delta do Parnaíba (Delta das Américas) seria de Tutóia...escala: cidade de Paulino Neves. Chegada, no almoço: Barreirinhas (84km no total)...nesse caminho, encontramos povoados com casas nas areias nômades, criações de porcos escuros (quase pretos), cachorros, e a pergunta: como matam sua sede, morando ao lado das dunas, com rios secos? Além disso, árvores da fruta Murici e um aeroporto pequeno funcionando e outro praticamente pronto...dizem que seria internacional...



ficamos na casa de Marie France, Vale e seus filhos: Luciano (10), Flávio (8) e Sílvio (3)...Vale não estava...Marie, enfermeira obstetra, articulada com E-changer, instituição suiça voltada à cooperação internacional, com seu doce sotaque, acolheu-nos e mostrou a garra de viver com outro olhar de nascença (Suiça), porém, com comum olhar de vivência no interior do Maranhão.



Almoçamos, relaxamos, saímos pela noite na pracinha, com a família...pra esse passeio, demos um acerto nas bicicletas das crianças, que, assim, animaram-se em seguir para o centro...usam tanto as bicicletas que os dois mais velhos vão sós pra escola pedalando...



tomamos, pela primeira vez, o Guaraná Jesus, de cor rosada, com sabor de guaraná, misturado com tuti-fruti...as boas línguas locais dizem que é restrito ao Maranhão, desenvolvido em Pedrinhas, próximo de S. Luis, orgulho regional e resistente às grandes marcas, pois vendia mais que Coca Cola, que, vendo a cena, comprou Jesus (até Ele a Coca compra)...enfim...resolvemos aderir e gostamos da gasosa...



Barreirinhas, que tem inclusive sua Academia de Letras Barreirinhense (ALB), fica na base do rio Preguiças, que assim é chamado ou porque na região havia muitos bicho-preguiças...ou porque seu curso é bastante tortuoso, demonstrando certa preguiça em apresentar sua foz...uma das festas tradicionais é a festa de São Gonçalo, em que as moças solteiras fazem a dança circular e toda a população se mantém na espreita, apreciando, especialmente os rapazes...em seguida, a roda se abre e todos bailam...






(placa em praça de Barreirinhas)



16 DE JANEIRO



Verificada a melhor opção de passeio, resolvemos tomar a Toyota que leva para os início dos Lençois...secos, os lençois apresentavam quase somente dunas enormes, em cuja crista se via quilômetros de areia em toda circunferência que os olhos faziam...adiante, chegamos à Lagoa do Peixe, em que mergulhamos e, de fato, encontramos peixes, mesmo sabendo que a lagoa se forma durante o ano e só com aguá da chuva...



Almoçados, direito à rede...esperamos o horário de saída do busão pra S Luís...sim, sim, decidimos ganhar o trecho de 260km até a capital, para aproveita-la durante o final de semana, e descansar mais um dia...afinal, somos filhos de Jesus, pra sempre...



a diplomacia entre ciclistas e motoristas de onibus de viagem nunca é muito boa, ainda mais quando aqueles chegam pontualmente para encher o bagageiro...ocorreu um atraso natural na saída...3 horas depois: São Luís do Maranhão!



Ariadne nos recebe no início da cidade e seguimos, em comboio, sem carro...ela: advogada do Centro de Defesa Marcos Passerini, sediado na capital...bela e articulada pessoa, perspicaz no seu vocabulário e na concordância verbal, que faz juz à fama de que o sotaque maranhense é o mais apurado do Brasil...banho correndo para ganhar a noite no Reviver, projeto cultural de vivência no centro historico ludovicense...ali, o Tambor de Crioula arrepiava...seguimos para o Roots espaço tradicional do Reggae nativo, na irmandade com a Jamaica...fino e categórico, esguio, fiel à musicalidade e sensualidade caribenha, com novo formato: a maranhensidade regueira.


Ambiente escuro e altamente sonoro...coberto como uma quadra de escola de samba...mais quente que as estradas do sertão cearense...as primeiras cervejas desceram como água do deserto...depois, o cachorro-quente do Souza, tradição da militância aguerrida: "dizer que é do movimento, tem que comer no Souza"...



17 de JANEIRO


Sábado, dia livre, programação intensa, Reviver de dia...lojas para lembrancinhas...almoço num simples restaurante com peixe ao molho...voltas na cidade para digestão: Largo dos Amores (casais de namorados vão para lá, namorar nos bancos)






mirante da Lagoa (da Jansen...Ana Jansen foi das primeiras mulheres com poder patrimonial a determinar a política local, amada e odiada...)


e a Fonte das Pedras: construção abaixo do nivel do chão com um paredão e 3 janelas cerradas com grades e cadeado...há um tunel que termina em outro paredão, centenas de metros adiante, na região onde desembarcavam os franceses para dominar o território no início do sec XVII, para serem derrotados de surpresa, pelos portugueses liderados por Jeronimo de Albuquerque...em 1615, os franceses derrotados...a França Equinocial não iria pra frente...fecharam-se as portas do tunel e disseram que lá moraria uma serpente adormecida que, se acordar, afundará a Ilha Rebelde...assim, alimenta-se a lenda da Serpente, como mais um elemento folclórico...



mais um na parada: grande Chico Lemos, também do Centro de Defesa e professor universitário...não bebe cerveja, só toma caipiroska,cicerone de primeira linha, só cansa quando da alvorada... encontramo-nos no "Clube do Choro Recebe", que convida expressões novas e antigas da musica popular brasileira...chorões começaram pra dizer pra que vieram...surpresas maranhenses...um mestre de cerimônia Ricart, sociologo e estudioso da musica brasileira, disse do programa aos domingos (9h), sobre o choro, na radio universitaria 106.9, também acessada via internet...



Depois, mais reggae!!! mais positividade..."quero botar um...vamos botar um...deixa eu botar um...sentimento no seu coração"...no bar do Nelson esticamos a noite...um tanto cansados, um tanto curiosos por esse reggae que, aqui, se dança sem pular e de casalsinho...belo!


18 DE JANEIRO

Ansiosos pela chegada de Roberta, acordamos e a buscamos no aeroporto...mais uma integrante para o grupo...almoço de caldo de Sururu em destaque...Jesus sempre presente na mesa...

Voltas na cidade...reviver o Reviver...pizza como poucas em São Paulo, nossa terra...mais Reggae, afinal, "deixa eu botar um...sentimento no seu coração"...rumo ao Chama-maré, nome que dão aos mini-caranguejos de uma garra só, que ficam nas pedras na maré baixa, chamando-a para subir novamente...

19 de JANEIRO



Deixamos aquele preparo nas magrelas, na bicicletaria próxima...passada no roteiro...

Conhecida Nelma, tambem do Centro de Defesa, quem nos indicou Nazaré em Tutoia e outros paradeiros pós- São Luís...

Volta e conhecer o Centro de Defesa...

Temos conversado mais ainda sobre o assunto FSM...quanto mais próximos do territorio e do dia, mais gente falando do assunto...coincidência de ritmos e comportamentos...olhares de um melhorando os olhares dos outros...olhares trocando, mesmo que pela tela do computador...olhares enxergando pelos olhos dos outros...


Pensamos em nos aliar a algum movimento ciclista no FSM, portanto, se souberem dessa programação sobres duas rodas, gritem...


Alguns do caminho encontraremos lá...


O Maranhão, estado nordestino mais amazônico, é terra distinta pela sua vegetação, musicalidade, comida e humor do povo...nem mais nem menos gracioso e acolhedor do que os demais estados pelos quais passamos...curiosidade: até agora, em 7 dias maranhenses, estamos sendo recebidos por Mulheres, como anfitriãs: "O Maranhão tem histórias de resistências política com muitas mulheres na liderança", disse Nelma...e, de fato, as mulheres estão liderando a acolhida nesse estado...









aBRaços



Daniel, Cadu, Rodrigo e Roberta
































terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Quatro dias mais: Cruz (CE) - Parnaíba (PI)


10 de Janeiro (sábado)

Saídos de Cruz, sítio do agradavel e já famoso em nível nacional Zé Bezerra (vulgo e já abduzido Zé do Lixo), rumamos para Mangue Seco (beira de praia que tangencia Jericoacoara - Jeri).

Passamos por Gijoca de Jericoacoara (sede do município que abriga as famosas praias)...

Saindo de Cruz, um aro se amassou e desamassamos na pedrada, bem na frente da padaria, que nos rendeu um ótimo cafe da manhã...

Em Gijoca, ainda na estrada, ao tentarmos achar um parafuso que caiu da bici de Cadu, o dono da casa da frente (Iatan) convidou-nos para sentar, descanar e tomar uma agua... papo vai, papo vem, Iatan disse torcer para o SPFC, papo que levou Daniel a convidar-lhe a trocar a camisa que trazia (SPFC) pela que Iatan usava (Ferroviária - do CE), de simpatia por todos os torcedores do CEará...feita a troca, despedimo-nos dele...

na cidade de Gijoca (centro), conhecemos o "Sangue Bom", carioca de alta estirpe bastante parecido com o famigerado Mussum, cuja malandragem o fazia único na venda de côco, em garrafinhas geladas e congeladas (para os que teriam de levar por longos trechos de calor)...dizia ele: "deixa a vida me levar", "só no sapatinho"... almoçamos por lá, desta vez sem a novela (pois era sábado), mas com telejornais que só pautavam Rio-SP...enfim...

Pausamos para a digestão (já estamos bem acostumados com essa parte do dia) na rede, na beira da Lagoa da Gijoca, na qual entraríamos, não fosse o fato de ter de compartilhar as águas com fezes de vaca que por ali se alimentavam...lagoa belíssima, mas já imprópria para banho...aliás, a preocupação com o gado é impressionante: até o Piauí - de onde estamos escrevendo - há trechos imensos de mata cortada e queimada para feitura de pasto...



depois de cerca de 20km, numa agradável tarde, passamos por uma comunidade (Mangue Seco) de mangue ainda bastante vivo, porém, comunidade em situação de resistência e pobreza: os terrenos não são vendidos por maior que seja o assédio do mercado imobiliário de Jeri (para da praias), região (Jeri) com preços no comércio de imoveis em euro...


Atravessamos a parte de mangue com agua na canela, imensa pois a maré havia subido...moradores do fim do Mangue convidaram-nos a comparecer na Seresta daquela noite, mas, cansados, já estávamos na beira da praia, instalando-nos numa choupana na areia, com ventos fortíssimos e belíssima paiagem de fim de tarde...nesse momento, começamos a entender mais das marés...então, armadas as redes na choupana, a centenas de metros da próxima pessoa que por lá circulava...de repente, já preparados para comer o pãozinho com tomate que havia sobrado, aceitamos comer ostras que um vendedor (Neguinho - que vinha de Jeri) nos ofereceu, propondo que fizéssemos o preço. Enfim, comemos cerca de 50 ostras e rolou um papo ente pessoas meio famintas, meio cansadas...todos...

Curtimos a lua cheia que aflorava num céu ainda nublado, porém, em areias iluminadas e maré bastante distante (cerca de 100 metros da choupana), alucinante a brisa e emocionante o horizonte circular e deserto...


11 DE JANEIRO
Cheios de areia (bota areia nisso!), acordamos na rede (Suíno ainda conseguiu se livrar do sono aprisionador e ver, do topo da Duna próxima, a alvorada, num morro diferente, sem samba, porém com muito sabor - ah, se Cartola conhecesse essa localidade!!!) e rumamos para Tatajuba, sentido Camocim, pra ver o que seria...estreiamos a "kitebike" (adaptação da rede de nylon no guidon das bicis para ver o vento levar....e levou! para o chão...assim kitebike tornou-se "kai-de-bike"...nada grave, só a milanesa


Depois de uns 15 km, pela areia seca (bela paisagem e vento mais confortante), chegamos em Tatajuba pra descansar e tirar o dia para repousar as gambitas... e nos surpreendemos...sem reparar, mais um dia bastante agradável se fazia: deixamos as bicis na barraca do Eloi, espanhol que dava aulas de "kitesurf", rapaz introspectivo e solícito na medida... almoçamos na Raimunda, professora e presidenta de uma das associações de moradores do vilarejo de Tatajuba, que faz comida e serve em casa, num quintal improvisado (aliás, muitas foram as refeiçoes que fazíamos em ambiente que misturavam local de moradia e de trabalho)...
voltamos à beira da praia e na barrada hispano-brasileira, ficamos, até que um casal paulista (Alexandre e Simone) aproximou-se e batemos um papo...ele, com diversas idéias de refazimento da vida combinado com um novo e ainda pouco habitado ambiente desse extenso litoral brasileiro. ela, instigada pela possibilidade e cansada (assim como ele) do cotidiano paulistano...ambos estão construindo sua casa no local, aplicando recentes conhecimentos sobre reaproveitamento de materias inorgânicos e criações com orgânicos...

em seguida, o paraibano junior, guia turístico de boa prosa, chega co sua companheira suiça Aline e a amiga também suiça Érica...já se apresentando pelo teor do cumprimento geral, dali seguiu-se uma leve e inaugural conversa entre pessoes de ambiente, interesses e disposições diversas, com algo em comum: uma suavidade na lida com o espaço e tempo...pela noite, curtimos as fotografias de Alexandre, o papo cheio de causos com seu Manoel (dono da pousada ao lado), e as risadas gerais, tudo regado com cerveja (primeira noite, enfim, que bebemos bem...).


12 JANEIRO

Na manhã seguinte, a postos, fomos convidados pelo trio suiço-paraibano a tomar um café da manhã na pousada onde estavam hospedados...depois, todos iriam para Camocim e se dispuseram a nos levar, com as bicis...feito isso, passeamos entre as dunas, num típico passeio turístico, só que com pessoas conhecidas, generosas e agradáveis...



Para acesso a Camocin, uma balsa de curto trecho...
na cidade às11h, fizemos a limpeza nas bicis, depois de dois dias de praias (coitada delas!) e, cada vez que tentávamos sair rumo à Parnaíba, algo das bicis dava erro...

enfim, saímos lá pelas 16h30...decidimos puxar o pedal e chegamos às 18h em Chaval (cerca de 50km de Camocim), cidade de divisa com o Piaui...de agito jovem noturno e, ao mesmo tempo, pouco populosa... mais uma janta na casa de alguém...a preços módicos...

tomando sorvete em seguida, Maurício, 7 anos, pediu-nos um...com um papo tímido e recuado de Mauricio conversamos, enqunto todos tomávamos sorvete...os senhores próximos antecipavam respostas assim que perguntávamos algo a Mauricio, rebaixando sua possibilidade de voz (a timidez, assim, continuava)...contou que mora longe e vai todo dia pra cidade, onde fica o dia inteiro, às vezes com irmãos, às vezes só - como nessa vez -, pedindo algo pra comer e pra levar pra casa...durante as aulas, sai da escola e pra lá segue, sem tempo ou pessoas pra brincar...algo parecido com a vida de Alex e Dedé, de Bela Cruz...

Em Chaval, chegamos na prefeitura e o vigia (Boião) nos ofereceu a garagem para hospedagem...um chuveiro ao fundo...armamos rede e ele avisou: "o problema aqui são as muriçocas"... nem tanto)...


13 DE JANEIRO

acordamos no bathorário e saimos... atravessamos a fronteira e, depois de mais uns acertos nasbicis, no meio do caminho, entramos no Piauí.


às 10h de hoje,passamos ,por Luis Correia, ambiente já no Delta do Parnaíba, com belas dunas mais arborizadas que as cearenses, cortadas por novas (ou reformadas) estradas ladeadas por casas aparentemente de veraneio e outras em alto ritmo de construção (imóveis ocupando mais um lugar paradisíaco)...





Cansados pelo calor (o termômetro "passou mal"e tiramos do sol - estamos com 33 graus dentro da lan house fresquinha), mas instigados pela travessia de estado, vamos à praia da Pedra do Sal e dormir, hoje, num posto de saída da cidade, a convite do Nonato, dono de barraca ao lado...
Podem ver que são muitas informações, e, com muito carinho e disposição reservada para esses momentos, colocamos algumas impressões, descrições e observações de localidades que carecem de olhares mais generosos e garantidores de direitos...mas, como devem imaginar e notar, com muita beleza natural e, principalmente, gentileza e cuidado do povo que nos recebe e com quem conseguimos trocar histórias pequenas sobre distintos cotidianos...ê povo porreta!

É, ao mesmo tempo, um momento de escrever e ler os comentários da galera que viaja conosco virtualmente...ficamos bastante ansiosos para chegar o momento da lanhouse e ver novos comentários...e pra contar mais um pouco do muito difícil de ser contado somente por esse meio...

Abraços e beijos.
Daniel, Rodrigo e Cadu...

sábado, 10 de janeiro de 2009

Terceirona: de Itapipoca a Cruz

(foto 01: saída de itapipoca)

de novo o mesmo despertador, 4hs da manha...
foi só arrumar as coisas, acordar a dona pepeta para abrir a porta da pensão, liberar a saída das magrelas e pé (e rodas) na estrada! em direção a morrinhos, deixamos a serra pra tras.

(foto 02: as nuvens de itapipoca ficando pra trás)

mas no meio do caminho...



...mudança de rota, galera. já cansados, fizemos as contas. kilometros + vento a favor + condições das estradas, a gente se ligou que pelas praias ganharíamos um dia de viagem, que serviria de descanso para nossas gambitas.

pois bem. fomos até morrinhos e de lá, em vez de seguir sudoeste rumo a sobral, fomos noroeste em direção a cruz, já bem proximo das praias de jericoacoara e tatajuba.

trajeto longo, muito sol, mais de 40 graus. demoramos o dia todo pra fazer 110 kms, com muitas pausas e muita agua de coco. aliás, tomamos uma (na verdade acho q foram umas 3...) bela duma jarra de agua de coco na altura de morrinhos.

(foto 3: no meio do caminho...)

tamanha era a estafa que inauguramos os tombos. bobos, quase parados, daniel e rodrigo se atrapalharam com os firma-pés e conheceram o calor do asfalto. nada de mais, nenhum arranhao. a não ser no ego, jovens. arrancamos gargalhadas da turma do posto de gasolina.

de Morrinhos passamos por Marco e Bela Cruz, onde almoçamos na Rosangela. ao som de Vale a pena a ver de novo (ela assistia com a filha, ao lado da nossa mesa), enchemos o tanque de feijão preto.

com um pneu furado (na verdade, o calor derreteu o bico da camara de ar...) paramos num posto para fazer o servicinho e aproveitamos a sombra pra descansar e fazer a digestao. como de praxe, a mulecada se aproximou, puxou conversa. duas crianças sentaram ao nosso lado, alex e dedé. eles contaram que moram na periferia de bela cruz e transitam pela cidade durante o dia pra pedir alimento e dinheiro pra comprar "kisuco". de fato, aparentam subnutrição.
no mesmo posto, paravam grandes carros (hilux, cherokee, todos esses 4X4 daqui) rumo a jericoacoara, grande ponto turistico da regiao.

(foto 4: chegada em Marco)

preparados, terminamos o dia em cruz. já era quase 18hs, estavamos a procura de abrigo. decidimos ir até a prefeitura e pedir um canto para armar as redes.


ainda na praça dos "tres poderes" (era esse o nome mesmo, lá tinha tudo, fórum, gabinetes, etc), conhecemos o secretario do meio ambiente de cruz. o Zé do Lixo, como era conhecido por lá. na verdade, quem nos chamou foi ele, que perguntou de longe se iamos ao forum social mundial. não sei pq cargas dagua ele soltou a pergunta, mas a partir dali foi só alegria. ele nos mostrou a prefeitura, a sala dele, contou dos projetos ambientais do municipio (vizinho a jijoca de jericoacoara, q se emancipou de cruz há poucos anos) e nos ofereceu abrigo no sitio onde ele morava com um casal de amigos. O sitio fica no bairro chamado Lagoa do Jenipapeiro (pois ali há muitas dessas árvores).

estradinha de terra até ´lá, lugar lindo, ganhamos banho, tapiocas e um cantinho bão demais pra armar as redes. na real, o sitio era mesmo uma comunidade (estilo comunidade joão ramalho e casa rosada), era um entre e sai de gente, amigos, conhecidos. lua cheia, a beira da lagoa, uma bela brisa e um quintal no fundo com um ufo-porto (neologismo nosso, criado para definir um heliponto para disco voadores...)

noite tranquila...até mais um despertar as 4hs, no mesmo bat-horario.

Abraços, que vamos descansar por hoje (sábado) ao fim da tarde...
Rodrigo, Daniel e Cadu...









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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Segundo dia, rumo a Itapipoca, a cidade dos três climas. Serra, sertão e mar, dizem eles por aqui. è linda a visão na chegada (foto 1, logo abaixo).
Hoje saímos às 5hs (um pouco depois na verdade...), ao raiar do sol. De cara, 25kms de estrada de terra(foto 02), com muito pedrisco e alguns trechos de areia fofa. Com a velocidade reduzida, deu pra reparar melhor no caminho. Da praia de Lagoinha, ainda em Paraipaba, até Trairi, passamos por vários vilarejos bem pequenos. Papo vai papo vem, entre uma parada para tomar aquela agua gelada (eram quase 40 graus), conhecemos alguns moradores. Na vila de Oiticica, ja no municipio de Trairi, a população vive basicamente da agricultura de subsistencia e toca alguns serviços de maneira bastante precária e isolada. Essa pareceu ser a tonica nesses vilarejos. O forte mesmo por lá pareceu ser o turismo das praias, como Lagoinha, que atrai lotacoes da CVC e enche a areia de consumidores.


De volta ao asfalto, só alegria. Tudo é mais facil, mais rapido, menos cansativo. E com direito a uma chuvinha represcante na chegada a Itapipoca, aproveitamos o posto na entrada da cidade para dar aquela guaribada nas engrenagens das moças que nos trouxeram até aqui. Com muito carinho, porque amanha tem mais. Agora, em direção a Sobral.




quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Fortaleza - Belém - primeiros dias

Chegado em Fortaleza de ônibus (bicicleta no bagageiro), de São Paulo, a dupla Cadu e Daniel, com toda a força das parcerias e amizades delas derivadas, hospedaram-se em casa de irmã de Talita, gente fina do CEDECA Ceará. Recebidos, ainda na noite da chegada, com uma macarronada com beringela, e cajuína, os estômagos paulistanos responderam de modos diferentes (...). Cléber (companheiro de Talita) e Talita foram belíssimos anfitriões, certamente cavando a troca em São Paulo, um dia...sei, sei...



Daí, inicia-se a conversa sobre roteiros e mapas com o casal...
Domingo: Bem, o cansaço dos Ônibus de viagem (sim, doS ÔnibuS, no plural, pois o tal semi-leito quebrou e fomos parar no convencional mesmo...mas...pra quem vai pedalar um mês...) nos levou direto ao sono e aos sonhos do que viria pela frente.



Na segunda, pela manhã, praia do Cumbuco e Lagoa do Banana, pela contra-mão da principal avenida de acesso...


Pela tarde, o aguardo se concretiza: o amigo Rodrigo (vulgo Suíno) chega pra ficar, encontrando-nos na sede do CEDECA Ceará ("merchandising"), casa muito bonita e arejada...ao fim da tarde, rumamos para a praça ao lado do Dragão do Mar...bebidas e um tal de Desarrumadinho (delicioso)...
Cléber nos vem com uma proposta de mapa, conforme as conversas do dia anterior...ótimo!
Na terça, curtimos Fortaleza com os últimos acertos no centro da cidade, almoçamos e batemos um bom papo com Renato Roseno, figura da melhor qualidade...
Pela noite, conhecemos o anitrião de Uruoca, o militante Moésio, que nos receberá em breve...Disse ele que sua casa fica ao lado da casa do prefeito, por isso "é o primeiro depois do prefeito"...
Cléber envia a Talita uma segunda proposta de mapa...perfeito!
Unimos as informações (aulas de história do Ceará que os professores não nos contaram) com o visual cartográfico...ciclistas, uni-vos!

Hoje, por fim, plena quarta-feira, saimos no resplendor da alvorada, pedalando...depois de quase 7 horas e 110 km, chegamos em Lagoinha (belíssima praia, porém, turística demais - havia dezenas de viajantes de pacote rumo a Fortaleza e adjacências)...
Conversando com uns e outros, após deixar as bicicletas encostadas, conhecemos até um paulistano da zona sul que, atualmente, vive em Paraipaba, município mais próximo da Lagoinha...
Seguida sua dica, almoçamos em lugar bom e com prato (fora do cardápio) barato...
Arrumamos um bom local para pendurar as redes, praticamente em cima da areia, em praia deserta pela noite...
E pedalando seguiremos amanhã, quinta (08), rumo a Itapipoca, quiçá Sobral, para um dos seios do Ser: tão Veredas...
Esse é o princípio de uma viagem que se propõe passar por Piauí, Maranhão, Pará (com parada em Belém, no Forum Social Mundial) e quantos mais lugares a imaginação permitir...
Até as próximas...logo mais, com Roberta...


Cadu, Daniel e Rodrigo (18h40).